Não é mais novidade que estamos nos aproximando cada vez mais dos pontos de ruptura ecológicos e sociais. A ação urgente para nos orientar em direção à sustentabilidade é uma prioridade global. Neste sentido, a transição para a Economia Circular (CE) é apresentada como uma solução possível que está ganhando cada vez mais seguidores.

O que é a Economia Circular?

Como mencionado anteriormente, a Economia Circular é um modelo que busca novas formas de recuperar, reutilizar e reciclar produtos. Basicamente, a Economia Circular é uma tentativa de se afastar dos modelos econômicos lineares de “pegar, fazer e descartar” para novos modelos de fabricação que priorizam a reutilização e a reciclagem de recursos em cada etapa da cadeia de valor.

Sem dúvida, este conceito vai muito além da redução, reutilização e reciclagem de materiais, já que visa conectar alguns processos com outros, prolongar a vida útil dos produtos e respeitar os tempos de regeneração natural dos recursos.

3 Princípios básicos da Economia Circular

Embora a Economia Circular ganhou impulso na última década, principalmente através da abordagem de profissionais como a Fundação Ellen MacArthur, o conceito da Economia Circular foi apresentado pela primeira vez pelos economistas britânicos David W. Pearce e R. Kerry Turner em 1989 com o trabalho “Economics of Natural Resources and the Environment”. Neste livro, estes dois economistas ambientais indicam que este novo modelo procura criar um sistema harmonioso entre o meio ambiente e a economia, fazendo com que esta última se torne parte do ecossistema ambiental.

Diagrama de Economia Circular da Fundação Ellen MacArthur
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Em outras palavras, Pearce e Turner defendem o fechamento do círculo na cadeia de produção-consumo-reciclagem de resíduos, utilizando novamente os materiais resultantes da reciclagem. De fato, a Economia Circular procura reconstruir o capital financeiro, manufaturado, humano, social ou natural. Isso garante a melhoria dos fluxos de bens e serviços. Um diagrama deste sistema mostra um fluxo contínuo de materiais técnicos e biológicos através do ‘círculo de valor’. Porque na Economia Circular, é feita uma distinção entre dois tipos de componentes: os nutrientes biológicos que são devolvidos com segurança à biosfera e enriquecem o solo; e os nutrientes técnicos que podem ser reutilizados nos processos de produção.

Os princípios básicos da Economia Circular são:

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Preservar e fortalecer o capital natural.

É essencial assumir que os recursos do planeta são limitados e, portanto, comprometer-se com os recursos renováveis e com a proteção e regeneração dos espaços naturais.

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Otimizar o desempenho dos recursos.

A partir da fase de ideia ou conceito, os produtos devem ser projetados para que seus componentes possam ser reutilizados, reparados e reciclados, para que permaneçam em circulação na economia pelo máximo de tempo possível. Isto reduzirá muito nossos desperdícios e seu efeito poluidor.

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Impulsionar a eficácia dos sistemas de produção e uso.

É essencial reduzir a poluição gerada pelos sistemas de produção a fim de tentar conter e reverter, entre outras coisas, os efeitos da mudança climática. A Economia Circular se baseia em ciclos biológicos e ciclos técnicos, que estão interligados para recuperar ou regenerar recursos naturais que tenham sido consumidos em uma etapa anterior. O objetivo também é melhorar a eficácia de seu uso a fim de minimizar os impactos negativos sobre as pessoas e o meio ambiente.

O que pensam os consumidores do futuro?

Especialmente na última década, a humanidade se tornou mais consciente do impacto ambiental e social causado pelos modelos de economia linear. Com o aumento do conhecimento e da transparência, as decisões de compra são cada vez mais influenciadas pela forma como as marcas e produtos são sustentáveis: de que suas embalagens são feitas, que tipo de materiais e ingredientes eles contêm, qual o impacto social de sua cadeia de produção, como eles tratam seus resíduos, etc.

De acordo com a Pesquisa da Accenture 2019 Consumer Pulse, el 72% dos consumidores compraram produtos mais verdes nos últimos 5 anos, e 81% esperam fazer mais progressos no consumo sustentável nos próximos 5 anos.

Além disso, os dados do Google Trends apóiam esta tendência, revelando que, de 2015 a 2020, as buscas por palavras-chave como “desperdício zero” cresceram 67%, com um pico em 2020, antes que os consumidores mudassem o foco diante da pandemia.

Isto mostra que as preferências estão mudando cada vez mais para um consumo sustentável e marcas alinhadas a estes valores. 53% desses consumidores (18-39 anos), em comparação com 46% (40+), acreditam que as empresas que fornecem credenciais verdes, minimizam os danos ambientais e investem na sustentabilidade são mais relevantes.

Embora os milenares e a Geração Z ainda não representem o maior poder de compra, dentro de alguns anos serão os consumidores do futuro. E, em resumo, este tipo de dados leva a uma conclusão indiscutível: práticas comerciais que prejudicam o planeta ou as comunidades não serão toleradas pelas gerações futuras.

Responsabilidade compartilhada

Embora seja de vital importância apoiar a sustentabilidade da vida no planeta melhorando os ciclos de produção e a gestão do fim de vida dos produtos, se não tratarmos também do crescente problema do consumo excessivo, todo o modelo da Economia Circular pode não fazer sentido. Melhor educação e maior sabedoria sobre o que consumimos e por que pode nos ajudar a traçar um caminho para um desenvolvimento mais sustentável.

Fontes:

  1. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352550921000567#sec0003
  2. https://ellenmacarthurfoundation.org/
  3. The Circular Solution, Accenture