Qual é o melhor indício de que uma empresa tem uma cultura corporativa forte, um campo fértil à inovação? Na 3M, uma expressão clara disso aconteceu durante a pandemia, quando um grupo de funcionários se uniu de forma autônoma e mobilizou doações,  envolvendo também parceiros. Um esforço coletivo de solidariedade para enxergar além do negócio e beneficiar a sociedade.

Géssica Carvalho, gerente de produto do grupo de Saúde da 3M, responsável por começar a iniciativa e formar o grupo, fala a respeito:

“Começamos o grupo em março, de maneira espontânea e colaborativa. Foi um impulso voluntário de mudança que só deu certo porque encontramos espaço para isso e apoio das lideranças da empresa”

Por ter contato direto com hospitais no dia a dia de trabalho, quando o coronavírus começou a se espalhar no Brasil, ela conta que via os enormes desafios que estas instituições enfrentavam com a falta de materiais de proteção e outros itens essenciais.

“Comparava a realidade difícil da pandemia com a enorme capacidade de manufatura, pesquisa e desenvolvimento da 3M. Via que poderíamos fazer algo a mais para ajudar naquele momento, coisas que não estávamos enxergando”

Isto porque a empresa já tinha uma série de iniciativas oficiais para apoiar a sociedade no combate à pandemia, incluindo a doação de máscaras PFF2 a profissionais da saúde de hospitais públicos e filantrópicos, e doações financeiras para a compra de alimentos a famílias em situações de vulnerabilidade.

Um grupo autônomo se formou para entender os melhores caminhos para ajudar a sociedade – uma expressão da cultura de colaboração da companhia.

Um grupo de trabalho para pensar além do negócio

Géssica dividiu a inquietação com o colega Rodrigo Tafuri, Engenheiro de Tecnologia de Manufatura da 3M, e os dois começaram um brainstorming de possíveis iniciativas e projetos que poderiam ser úteis naquele momento para ajudar instituições que estavam atuando no combate à pandemia. Aos poucos, as pessoas foram se conectando. “Um chamava o outro que pudesse nos ajudar a pensar em soluções”, conta Rodrigo. Cerca de 20 pessoas de diversas áreas se engajaram na iniciativa.

Apesar de autônomo e voluntário, o grupo estava longe de ser clandestino, portanto, Géssica e Rodrigo apresentaram as ideias levantadas no primeiro brainstorming à liderança da 3M. “De cara recebemos um feedback muito positivo, estimulando a gente a ir em frente”, lembra. Com o apoio, o grupo definiu quais projetos desenvolveria.

Time de voluntários debate estratégias e possibilidades em encontros virtuais, que resultam em doações e parcerias reais.

A primeira iniciativa foi a doação de aventais para equipar profissionais da saúde em hospitais. “Vimos esta demanda e, conversando internamente, descobrimos uma sobra de produção de não tecido (um tipo de TNT), algo que seria descartado, mas que percebemos que serviria como matéria-prima para a produção de aventais”, lembra Rodrigo.

Eles chegaram a considerar enviar o material para a fábrica da 3M em Manaus, onde há uma linha de costura, para fazer os aventais. Mas convenhamos que era mais inteligente evitar esta logística toda justamente no meio de uma pandemia. Por isso, o grupo de voluntários encontrou um caminho melhor: firmou parceria com a Health Quality, empresa de Jarinu (SP) especializada justamente na produção de avental.

“Doamos o não tecido, eles produziram as peças e fizemos o encaminhamento para os hospitais”, conta Géssica. Em paralelo, o time estruturou outra doação. No meio da explosão da demanda por álcool gel, eles tinham ali na fábrica da 3M o carbopol, um espessante necessário para a fabricação do produto. Mas entre ter a matéria-prima e, de fato, fabricar o produto, há uma distância considerável. Rodrigo fala sobre como eles encurtaram o caminho:

“Logo no começo fomos orientados pela liderança a procurar parceiros. Assim ganharíamos tempo por não precisar desenvolver internamente competências ou superar eventuais burocracias. Foi isso que fizemos”

Diante disso, a empresa se conectou com a UfsCar (Universidade Federal de São Carlos). A instituição estava justamente trabalhando na fabricação de álcool gel e de protetores faciais face shild. “Eles tinham demandas por materiais e nós conseguimos ajudar”, comemora Rodrigo.  No começo, além do espessante, a empresa fez a doação de filme para as viseiras. Com o tempo, a escala de produção da universidade aumentou e eles passaram a entregar polímeros plásticos para a operação. E esta parceria com a universidade se expandiu para outras instituições, que receberam insumos e transformaram em itens úteis na pandemia.

A terceira grande frente desenhada no grupo foi com a Honda, que tem uma fábrica vizinha à 3M, em Sumaré. “Nos unimos para consertar respiradores mecânicos”, diz Géssica. Depois de tantos bons resultados, o plano do grupo é manter as ações enquanto houver demanda e, se for o caso, desenvolver novas iniciativas.

Impacto social e estímulo à cultura de inovação

Tanto Géssica quanto Rodrigo dizem que a mobilização foi reflexo da cultura de inovação da 3M, que estimula a autonomia dos funcionários para criar novos projetos e a colaboração para conseguir ir em frente com eles. Os dois reconhecem também que, de certa forma, o esforço do grupo para fazer as doações também retroalimenta esta dinâmica interna na empresa.

“Nos conectamos rápido, trocamos muitas ideias e, acima de tudo, identificamos novas possibilidades para materiais que nós temos e não seriam usados, como é o caso dos não- tecidos que se transformaram em aventais”, diz Rodrigo. É pura efervescência de inovação – se apurando a cada nova iniciativa.

Fontes:

  1. https://www.projetodraft.com/

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